A Arábia Saudita continua desempenhando um papel ativo nas reuniões do Brics, mesmo sem ter formalizado oficialmente sua adesão ao bloco. Atualmente, o grupo conta com 11 membros oficiais e nove parceiros. Os sauditas estão em uma posição ambígua: participam dos encontros e discussões estratégicas, mas ainda não concluíram o processo burocrático de adesão.
Nesta semana, durante a reunião de sherpas – negociadores de cada país dentro do Brics –, o representante saudita Ibrahim Alessa esteve presente no encontroo. O evento foi realizado no Palácio do Itamaraty, em Brasília. O evento reúne representantes de Brasil, China, Egito, Etiópia, Índia, Indonésia, Irã, Rússia, África do Sul e Emirados Árabes Unidos. A escolha do Brasil como sede do encontro se dá pelo fato de que o país assumirá a presidência rotativa do Brics em 2025.
Criado em 2001 com Brasil, Rússia, Índia e China, o Brics incorporou a África do Sul em 2011 e, em 2023, anunciou uma nova ampliação do grupo. O processo de adesão ocorre por meio de um convite oficial, seguido da aceitação do país interessado. No caso saudita, o Brics fez o convite, e o país o aceitou informalmente, mas ainda não formalizou sua adesão.
A situação gera um impasse: enquanto os nove países parceiros do Brics não têm acesso às reuniões estratégicas, a Arábia Saudita participa plenamente das discussões. O ponto é que desta forma ela não se compromete formalmente com as decisões do bloco. Essa condição atípica levanta questionamentos sobre até quando o Brics aceitará essa posição indefinida por parte dos sauditas.
Uma das questões centrais é que o Brics toma suas decisões por consenso. Isso significa que qualquer país-membro pode barrar uma proposta, caso não concorde com ela. No entanto, se a Arábia Saudita, que ainda não é um membro formal, discordar de alguma decisão, o grupo aceitará essa interferência?
Esse cenário levanta dúvidas sobre o futuro da relação saudita com o bloco e até quando o Brics permitirá que um país tenha voz ativa sem compromisso formal. Até o momento, a embaixada da Arábia Saudita não se manifestou oficialmente sobre o tema.
Em entrevista recente ao portal Brics Brasil, o assessor especial da Presidência da República, Celso Amorim, destacou que, apesar de o bloco representar os países emergentes, é necessário impor limites à expansão para manter a coesão interna.
“O Brics tem que ter uma abertura e os países em desenvolvimento têm que se sentir representados. Mas, operacionalmente, não pode se expandir indefinidamente, porque, para atuar concretamente em questões importantes, tem que manter uma certa coesão”, afirmou Amorim.
A falta de um posicionamento definitivo da Arábia Saudita pode se tornar um problema no futuro. Se o país quiser continuar participando das decisões estratégicas, terá que formalizar sua entrada no bloco, consolidando-se como membro oficial e assumindo as responsabilidades que isso implica.
Por ora, o Brics segue permitindo essa situação indefinida, mas a dúvida permanece: até quando essa ambiguidade será tolerada?
Informações: portal Araraquara Agora
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