Economia

Comércio de bens do G20 cai no 4º trimestre de 2024

O G20 e, claro, comércio global enfrentou um fim de ano desafiador em 2024. Segundo relatório divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta terça-feira (25).

Enquanto as exportações e importações de bens registraram queda, o comércio de serviços teve um comportamento misto. Houve crescimento em algumas regiões e estagnação em outras.

De acordo com o estudo, as exportações de mercadorias dos países do G20 caíram 0,6% no quarto trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior. No que diz respeito as importações houve queda de 1% no mesmo período. Já as exportações de serviços cresceram 1,5%, e as importações se mantiveram estáveis, refletindo um cenário desigual no setor terciário.

O relatório aponta que fatores como redução da demanda global, incertezas econômicas e variações no comércio de bens industriais e tecnológicos influenciaram esse desempenho. No entanto, o setor de serviços, especialmente em categorias como viagens, tecnologia da informação e finanças, apresentou resistência e crescimento em algumas economias.

Entenda o que é o G20

O G20 (Grupo dos 20) reúne as maiores economias do planeta, representando mais de 80% do PIB mundial. O grupo representa cerca de 75% do comércio internacional e cerca de dois terços da população global.

Composto por 19 países e a União Europeia, o bloco desempenha um papel central na estabilidade econômica global.

As decisões do G20 influenciam diretamente os mercados, afetando desde o comércio internacional até as políticas monetárias e climáticas.

Estados Unidos: queda nos bens, alta nos serviços

Nos Estados Unidos, o comércio de bens apresentou um resultado negativo no último trimestre do ano. As exportações recuaram 2,2%, impactadas principalmente pela queda nos embarques de bens de capital, incluindo computadores e aeronaves.

Por outro lado, as importações cresceram 0,7%, impulsionadas pela alta na compra de suprimentos industriais, metais e ouro.

Já no setor de serviços, o país registrou um avanço de 2,6% nas exportações, com crescimento na maioria das categorias, refletindo uma recuperação da demanda global por serviços financeiros, de consultoria e tecnologia. As importações também tiveram alta, subindo 3,4%, impulsionadas por um aumento dos gastos com viagens internacionais, seguros e serviços financeiros.

Esses números demonstram uma tendência de desaceleração no comércio de bens. Enquanto o setor de serviços segue em crescimento nos EUA, consolidando sua importância na economia global.

União Europeia sofre impacto no comércio de mercadorias

Na União Europeia, a retração no comércio de bens foi ainda mais intensa. O relatório da OCDE indica que as exportações de mercadorias caíram 2,6% no último trimestre do ano, puxadas pela redução nas vendas de automóveis e peças. Esse cenário afetou principalmente os grandes exportadores do bloco, como Alemanha, França e Itália.

As importações europeias também recuaram 2,7%, refletindo a menor demanda por produtos farmacêuticos e químicos orgânicos na Alemanha, além da redução das compras de energia pela França. A desaceleração econômica no bloco europeu e as tensões comerciais globais contribuíram para esse desempenho negativo.

Apesar dos desafios enfrentados no comércio de bens, o setor de serviços apresentou um desempenho mais equilibrado na Europa, mantendo-se estável em alguns segmentos e crescendo modestamente em outros.

Brasil: exportações em alta, importações em queda

No caso do Brasil, os resultados foram mistos. O relatório da OCDE aponta que as exportações brasileiras cresceram 2,7%, impulsionadas pelo aumento das receitas com viagens e serviços de tecnologia da informação e comunicação (ICT). O turismo e o setor digital seguem como principais motores de crescimento no comércio de serviços do país.

Por outro lado, as importações caíram 2,8%, refletindo uma menor demanda por bens e serviços estrangeiros, possivelmente influenciada por fatores como a volatilidade do câmbio, desaceleração econômica interna e políticas comerciais mais protecionistas.

Os dados mostram que, embora o Brasil tenha conseguido ampliar suas exportações de serviços, a redução das importações pode sinalizar desafios internos no consumo e nos investimentos.

G20 e as tendências e perspectivas para 2025

A análise da OCDE indica que o comércio global ainda enfrenta desafios para uma recuperação robusta em 2025. A desaceleração da demanda em grandes economias, a volatilidade dos mercados de commodities e as incertezas geopolíticas continuam sendo fatores que podem impactar o desempenho comercial dos países do G20.

Entre as principais tendências para o próximo ano, destacam-se:

  • Crescimento desigual no comércio de serviços, com expansão em tecnologia e turismo, mas incertezas em setores financeiros e de transporte.
  • Recuperação lenta no comércio de bens, especialmente para exportadores dependentes da indústria automobilística e de bens de capital.
  • Adaptação das cadeias de suprimentos globais, com empresas buscando diversificar suas fontes de importação e exportação diante de tensões geopolíticas.
  • Impacto das políticas monetárias globais, especialmente com a expectativa de cortes nas taxas de juros em algumas economias desenvolvidas, o que pode influenciar o fluxo de comércio.

Para o Brasil e demais países do G20, o desafio será manter um equilíbrio entre crescimento econômico e estabilidade comercial, adaptando-se às transformações do cenário global e buscando novas oportunidades nos setores que continuam em expansão.

Colaboração: Portal Araraquara Agora

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